segunda-feira, 30 de junho de 2014

Uma Surpresa no meu Aniversário

Eu sou a Nichele e gostaria de compartilhar algo pessoal com você, uma confidência. Esta foi uma forma que encontrei para falar sobre situações, momentos, sentimentos, emoções importantes para mim.

Hoje eu quero falar sobre: Uma Surpresa no meu Aniversário

Eu acredito que nada acontece por acaso. Para mim o Universo está sempre entrelaçando através de fios invisíveis os acontecimentos, ora aproximando ora afastando. Nem sempre nosso entendimento tem alcance para a devida compreensão. 

E você acredita nisso?

Eu estava indo no correio e deparei-me com uma senhorinha. Foi assim do nada, como se estivesse caído de paraquedas ou se materializado na minha frente. Pode até ser que, estivesse distraída com meus pensamentos e não prestei atenção nela. Não sei!  Estava chovendo forte e ela parecia vir do supermercado, pois, carregava umas sacolas quando deixou cair uma delas no exato momento eu passava ao seu lado. Poderia ter seguido meu caminho sem me preocupar com isso, mas eu parei para ajudá-la. Juntei a sacola e ajeitei em sua mão para ela poder continuar. Neste momento fui tocada pela intensidade do seu olhar, ao mesmo tempo, sorrindo e agradecendo.

Foi logo dizendo morar a duas quadras dali. Então, eu me ofereci para acompanhá-la carregando uma sacola porque era o meu caminho para o correio. Ela foi falando sobre muitas coisas e, uma delas é que naquele dia estava completando oitenta e três anos.  Eu quase nem acreditei nesta coincidência porque era o meu aniversário também. Mas, preferi ocultar esta informação momentaneamente. O que mais me impressionou foi o fato dela ter dito que pediu um presente a Deus no seu aniversário. E, Ele tinha enviado um bom presente; eu! Fiquei sem saber o que dizer e ao mesmo tempo emocionada. Eu não sabia se questionava ou se aceitava calada a declaração de afeto que parecia natural.

 Aquela situação fugia do meu entendimento racional. Mas, como sou investigativa solicitei a ela para falar mais sobre o que pedira a Deus. Prontamente disse que não desejava passar este dia sozinha, queria uma companhia para conversar.

Neste momento, chegamos ao portão do prédio e me convidou para subir. Eu confesso que fiquei sem graça e não tive como recusar foi tudo muito rápido. Eu tinha sido instigada e queria saber mais sobre esta história do presente. Subimos para o apartamento. Largou as sacolas em cima de uma mesa e imediatamente, colocou água para ferver numa chaleira elétrica. Incrível, a mesa estava posta, sinal de que esperava alguém... Isso me arrepia até hoje! Eu perguntei se os filhos viriam para comemorar. Ela falou que não. Os seus dois filhos e mais os netos, moravam fora do Brasil e já tinham ligado parabenizando-a. Falou isso sorrindo com a maior tranquilidade. Eu pude sentir que ela estava feliz. Esta sensação é indescritível. Eu só sei que era contagiante, por isso, digo que senti.  (Eu guardei uma imagem da primeira vez que subi no Pão de Açúcar no Rio de Janeiro, quando uma nuvem passou rapidamente e eu fiquei totalmente envolvida dentro dela sem enxergar absolutamente nada. Foi uma sensação singular, indizível).

Continuou falando sobre a certeza que ela teve ao levantar pela manhã de que, alguém viria visitá-la. E, portanto, pedira para a empregada deixar tudo arrumado antes de sair. Assim, foi ao supermercado para comprar um bom chá e algo para oferecer a visita, que era eu. Dizendo tudo isso com a maior naturalidade, como se fôssemos velhas amigas.

Eu não sabia o que dizer e também não queria pensar naquele momento porque não queria julgar aquela nobre senhora. Poderia pensar que estava tendo alguma dificuldade ou fazendo uma confusão mental. Mas não era nada disto, sua lucidez era visível, tinha desenvoltura para falar, caminhar e tudo mais, tanto que a encontrei na rua num dia chuvoso, com sacolas, sombrinha e dava conta de tudo.

Serviu o chá e um pedaço de uma torta que eu adoro “chocolate com morangos”. Eu comi e estava uma delícia. Era meu aniversário e não tinha cogitado comer uma torta, ainda mais com uma pessoa que nunca tinha visto. Mesmo, naquele momento não falei que eu estava de aniversário também. E, ainda outra surpresa apareceu. Dentro de uma sacola pegou um pacotinho e veio em minha direção. Entregou-me dizendo que era um mimo porque era agradecida pelos momentos carinhosos que passei em sua companhia. Além, de ter tido paciência para ouvi-la, coisa rara hoje em dia, disse.

Fiquei sem graça e sem saber como entender tudo aquilo. Agradeci e me coloquei a sua disposição, caso precisasse de alguém para conversar poderia me ligar. Peguei um cartão e deixei com ela, também não falei que era terapeuta. Não lembro, mas acho que nem o meu nome eu falei! Coloquei a caixinha na minha bolsa e pedi licença para me retirar. Quando cheguei à rua fui direto para casa, atônita, pensando em tudo que acontecera e até esqueci-me de ir ao correio.

 O fato de morar sozinha na companhia de um velho cachorro, quase cego me impressionou. Lembro-me de ouvi-la ter mencionado uma empregada que ficava durante o dia e ninguém mais. Fiquei pensando, mas sem nenhum sentimento triste, ela me passou uma sensação de alegria, de bem estar e segurança.

Bom, cheguei e meu cãozinho Sócrates, desviou o meu foco e não pensei mais no assunto, até porque estava passando um jogo e meu filho queria comer pipoca. Mais tarde, na hora de dormir lembrei-me do pacotinho e fui pegá-lo. Confesso que bateu um medo na hora de abrir, uma sensação diferente, mas pensei naquele gesto carinhoso e fui em frente. Então tirei o laço e dentro da caixa tinha “dois bombons e um cartão de Feliz Aniversário!”. Eu vou repetir; em nenhum momento eu falei para ela que também estava de aniversário. Diante dos fatos preferi calar e somente ouvir.  Meu primeiro pensamento foi de que poderia ser uma pegadinha de alguém conhecido, mas descartei imediatamente esta possibilidade. Também pensei que esta caixinha poderia ter sido para outra pessoa qualquer que tivesse cruzado o caminho dela. Mas como? Teria escolhido alguém que estivesse de aniversário também? Seria por acaso uma vidente?

Confesso que chorei... Eu estava dentro de um labirinto inextricável? O que era aquilo? Quem ajudou quem? Como sabia que eu estava de aniversário? Pouquíssimas pessoas sabiam desta data. Isso era somente uma coincidência? Eu não tinha resposta.

 No dia seguinte decidi passar lá no prédio para conversar com ela e esclarecer melhor tudo isto. E por motivos que não tenho explicação, outros assuntos apareceram e somente no dia seguinte consegui ir até o local. Fiquei ainda mais intrigada quando o porteiro me falou que ela tinha viajado. E quando foi viajar? Ontem, ele disse. E o cachorro? Não sei de nada. E a empregada, eu tenho como entrar em contato? Quase irritado e desconfiado, comentou que era novo no prédio, e não tinha autorização para fornecer nenhum dado de morador. Queria saber se eu era algum parente. Falei que era uma amiga, agradeci e fui embora. Ele tinha razão, parecia um interrogatório policial, mas se estivesse no meu lugar, penso que faria o mesmo.

Voltei para casa sem nenhuma resposta. Estou até agora, neste momento em que escrevo sem uma explicação plausível. Como já falei, eu acredito que nada acontece por acaso, então deve ter um significado, mesmo que eu não compreenda agora... Este episódio me tocou profundamente. Por isso decidi compartilhar com você está situação inusitada. Em Filosofia Clínica chamamos de Singularidade Existencial! 

Desculpe-me não sei ser concisa ou sou prolixa! Tudo aqui é a minha verdade.

Você já passou por algo semelhante?

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Eu me importo


"Ainda bem que sempre existe outro dia. E outros sonhos. E outros risos. E outras pessoas. E outras coisas." Clarice Lispector

10 comentários:

  1. Olá, Nichele! Muito bacana esse momento envolto de mistério. Apesar ter uma forte tendência racionalista, tenho prestado atenção a muitos acontecimentos em minha vida e tenho bons motivos para acreditar que muitas coisas não acontecem por acaso. Aliás, não por acaso, minha primeira partilhante me indicou um livro que me fez pensar muito sobre isso: o título do livro é Sincronicidade (ou: por que nada é por acaso). Não lembro o nome do autor, mas sei que se fundamenta em Yung. Imagino que você já deva ter lido, mas se ainda não leu, acho que vai gostar muito. Parabéns pelo relato eu um grande abraço!

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    1. Olá Otávio, obrigada pelo comentário! Eu conheço tua racionalidade, mas também sei da tua Plasticidade para compreender determinadas situações. Em momentos assim uso a Argumentação Derivada para compreender, mas nem sempre a razão pode explicar tudo... Existem momentos, situações que simplesmente devem ser vividos. Quando penso na imensidão do universo, não consigo imaginar as inúmeras possibilidades de manifestação da vida . Acredito que desconhecemos a maioria dos fenômenos existentes. Para nós pode ser algo estranho, mas para o universo simplesmente natural... Minha mente cartesiana ainda busca respostas... obrigada pela indicação do livro! Um abração

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  2. Muito lindo teu depoimento. E parabéns pela coragem de postar uma situação assim.

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  3. Sobre o que relatas, sim, sou daquelas pessoas que acreditam em milagres. Ao terminar a leitura, em estava em arrepios da cabeça aos pés. És uma pessoa linda, e eu agradeço a ti por estar entre estas pessoas com quem compartilhas teus sonhos e tuas emoções.

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  4. Uau! História incrível.

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  5. Existem coisas entre o céu e a terra que foge ao nosso entendimento. Eu acredito que existem seres especiais entre nós nos ajudando, incentivando e damos nomes de "amigos" porque são verdadeiros amigos. Muito legal este acontecimento! Um abraço

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    1. Obrigada Elias pela visita. E como é bom ter AMIGOS no verdadeiro sentido da palavra. Volte sempre. Um abração cheio de energia para você.

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